Jandaraci Araújo transforma exclusão em estratégia nos espaços de poder

por | julho 18, 2025

Celebrado em 25 de julho, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha marca não apenas a resistência histórica de Tereza de Benguela, mas também a urgência de mudanças estruturais na forma como o poder é distribuído e exercido. Em um país onde a representatividade ainda é exceção, a trajetória de Jandaraci Araújo simboliza um movimento estratégico e coletivo de transformação.
Baiana, mãe de duas filhas e sétima filha de uma costureira e de um mecânico, Jandaraci foi criada para ser quem quisesse ser. Seus pais sempre acreditaram que a educação era a chave para a transformação de vida — e também um instrumento de liberdade. No Rio de Janeiro, em um momento de recomeço em sua vida, mesmo já formada, o racismo estrutural a levou ao empreendedorismo informal: passou a vender salgados no trem para garantir o sustento e seguir em frente. Essa experiência, longe de ser uma derrota, tornou-se um marco de resiliência e visão prática sobre as barreiras enfrentadas por mulheres negras no mercado de trabalho.
Desde então, Jandaraci construiu uma carreira sólida nos setores público e privado, atuando por mais de três décadas na interseção entre finanças, sustentabilidade, inovação e políticas públicas. Sua experiência inclui cargos de liderança em órgãos estaduais, sempre com foco em inclusão produtiva, desenvolvimento regional e impacto social.
Executiva, escritora e conselheira de diversas instituições, entre elas Future Climate Group, Instituto Inhontim e Museu Afro Brasil Emanuel Araujo, Jandaraci é também uma das principais vozes pela equidade racial e de gênero no Brasil. Mestranda em Administração de Empresas com ênfase em Bioeconomia e Finanças Sustentáveis, possui formação internacional em governança e liderança por instituições como UCLA Anderson, Kellogg e EADA Business School.
Sua atuação em programas de empoderamento feminino é extensa: integra o Grupo Mulheres do Brasil, o WomenCorporateDirectors (WCD) e o WILL – Women in Leadership in Latin America. É também cofundadora e presidente do Instituto Conselheira 101, referência nacional na formação de mulheres negras e indígenas para conselhos administrativos e comitês estratégicos. Em cinco anos, a iniciativa já qualificou mais de 150 mulheres, com resultados concretos em termos de inserção em cargos de liderança e governança.
Entre as ações mais recentes, Jandaraci lidera o programa “Conselheira na Prática” — uma parceria com a plataforma ValoRadar — que oferece vagas remuneradas em conselhos e comitês para ex-alunas do Instituto. A iniciativa aproxima a formação técnica da vivência institucional, acelerando a inserção real dessas mulheres nos espaços de decisão. Em 2025, organizou o livro “Mulheres Negras no Conselho”, reunindo relatos de 22 executivas negras que vêm transformando o campo da governança no Brasil.
Escritora com cinco livros publicados, professora e TEDx Speaker, Jandaraci é uma referência que alia excelência técnica, articulação institucional e propósito social. Sua jornada não busca apenas acesso — mas permanência e transformação.
“Nosso tempo é agora. Não cabe mais ser a única, a outlier. Quero abrir caminho para outras — com o que posso e como posso. Representatividade é importante, muda narrativas, mas não basta. É hora de fazer enchente de rio: ocupar juntas, transbordar e permanecer nos espaços de decisão.” — Jandaraci Araújo.
Neste 25 de julho, sua história reforça que o futuro da liderança no Brasil será mais justo quando refletir, de fato, a diversidade de quem somos.

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