Uma das atrizes de sua geração que mais realiza projetos nas plataformas de streaming, Larissa Nunes não sabe o que é descanso e faz da reta final de 2025 um mosaico de versões suas em personagens tão díspares. No dia 11 de outubro a atriz lança na Première Brasil Hors Concours da 27ª edição do Festival do Rio o longa-metragem “Por Nossa Causa”, drama político de Sérgio Rezende em que ela é protagonista ao lado de Denise Weinberg. Na sequência, poderá ser vista na série “Clube Espelunca”, comédia de Sílvio Guindane exibida pelo HBO Max | TNT Brasil, e ainda na 4ª temporada do já consagrado “Arcanjo Renegado”, do Globoplay. Com tantos projetos de peso no curriculum, a multiartista de 29 anos tem se firmado como um dos destaques do meio artístico.
A trama do longa de Sérgio Rezende acontece num tempo indeterminado. Após uma rebelião fracassada, Raquel (Denise Weinberg), uma militante radical, acolhe Nina (Larissa Nunes), uma jovem recém-liberta e amante de um líder revolucionário. Entre afetos e conflitos, a relação se estreita até que um julgamento secreto condena Nina à morte, apesar das dúvidas de Raquel sobre sua culpa.
“São duas mulheres, de gerações, raça e origens diferentes, convivendo num mesmo contexto histórico e literalmente confinadas numa mesma casa. A disputa entre a maturidade e a juventude é um possível ponto de vista pro filme. Raquel tem um pensamento sobre a vida bem determinado, é reta, inflexível. Nina é mais questionadora, imprevisível, flexível – ambas com personalidade forte”, adianta Larissa sobre “Por Nossa Causa”, para quem o convite de Rezende foi uma oportunidade de viver uma personagem mais duvidosa e audaciosa.
Neste contexto, Larissa vibra com as atitudes de sua personagem na trama. “É surpreendente ver a força da união entre mulheres diferentes. Nina me dá um tipo de força que acho extremamente necessária para uma pessoa preta hoje: a de não ter medo do próprio ponto de vista, questionar e instigar o seu redor. Precisamos de personagens pretas assim, e Nina pra mim tem isso. Não a julgo como mocinha ou vilã. Ela tá vivendo um dia de cada vez, após ter sido presa e ter vivido o terror”, pontua.
Já a série “Clube Espelunca” marca a estreia de Larissa na comédia, e coube à atriz compor a personagem Ludmila, moradora da Zona Leste de São Paulo e a única funcionária do clube que acreditou na ideia mirabolante de Digão (Eddy Jr). “O Digão vai perceber nela uma baita parceira. Ela é amiga da família, meio despreocupada, sabe que é bonitona, meio folgada (risos), mas muito gente boa, pensa no futuro… A trama fala sobre família, perseverança e uma dose de humor e música que a galera pode se identificar muito”, acredita a atriz, para quem tem sido uma alegria integrar um trabalho que é um referencial de série de humor de família preta brasileira.
“Temos uma base forte feita pelo casal interpretado pelo Antônio Pitanga e a Neusa Borges, um elenco incrível, tive uma sorte grande! E através desse trabalho eu percebi como a vida não deve ser levada de um jeito chato; nossas famílias pretas tiveram que ter muito senso de humor e improviso pra enfrentar várias dificuldades do dia a dia”, reflete. “Acho incrível termos comédias como ‘Todo mundo odeia o Chris’, ‘Um maluco no pedaço’ e ‘Eu, a patroa e as crianças’ no imaginário brasileiro como protagonismo preto no humor, mas tivemos aqui Grande Otelo, Mussum e uma galera preta que tira uma onda reinventando o humor na internet – meu parceiro Eddy jr. é fruto desse movimento. É preciso dar mais espaço e investimento ao humor brasileiro que não depende da depreciação do outro para ser engraçado”, aponta Larissa.
Fechando as estreias do momento, em “Arcanjo Renegado” a atriz brilha como Danuza, personagem que tem uma história intensa, dramática e cheia de reviravoltas. “Danuza é a primeira dama do morro comandado por Cuco (Hugo Resende), mulher bonita que leva uma vida de ostentação até seu marido ser morto na sua frente num acerto de contas com Poke (Thiago Hypolito), que agora vai obrigá-la a ser sua nova esposa. Resignada e humilhada, essa mulher vai viver muitas violências e desafios pra sair dessa situação. É de longe a personagem mais complexa que fiz até agora, com muitas descobertas e cenas difíceis. Danuza me ensina a encarar minhas vulnerabilidades sem me ver apenas como uma sobrevivente”, salienta a atriz, que se preparou para o papel conhecendo o contexto da favela carioca através de visitas ao Complexo da Maré.
Entre os trabalhos recentes no streaming, todas ocupando o papel de protagonista, estão “Vidas Bandidas”, da Disney +, “Anderson Spider Silva”, exibida pela Paramount +, e “Americana”, produção bilíngue da Disney +. No musical teatral “Nossa História com Chico Buarque”, realizado em homenagem ao prestigiado compositor, teve mais uma chance de evidenciar sua bagagem de cantora, em paralelo à de atriz, sendo ovacionada em cena aberta. Recentemente Larissa gravou o longa-metragem “Gênio do Crime” e estrelou um telefilme para a TV Globo, ambos previstos para estrear em 2026.
Formada pela Escola de Arte Dramática (USP), a artista é conhecida pelas duas temporadas de “Coisa Mais Linda” (Netflix), e “O Rei da TV” (Disney+). O público da TV aberta também pôde conhecer e acompanhar o talento de Larissa na novela “Além da Ilusão” (TV Globo, 2022), sua estreia em folhetins, na pele da romântica professora Letícia.
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