Niely Gold, marca especialista em crespos e cacheadas realizou na última quarta-feira (17) um evento exclusivo em São Paulo para convidados para apresentar a nova linha Niely Gold Cachos Definição Prolongada, que entrega 72 horas de definição e  resiste ao bate-cabelo. No evento foi apresentado o novo esquadrão de embaixadoras digitais: Brunna Gonçalves, bailarina e empresária,  a comunicadora Giovana Eliodoro e a  drag queen, Marcia Pantera , precursora do bate-cabelo.

Falamos com Marcia Pantera sobre a atenção que empresas como a Niely tem dado aos cabelos crespos e cacheados e ela comemorou, mas também apontou que falta mais caminho a percorrer. “Eu acho que falta muito mais respeito pelas pessoas, porque se a gente conseguisse enxergar esses cosméticos para todas as pessoas negras, seus cabelos cacheados e enrolados, a gente já teria isso há muito tempo”, disse. 

Algumas marcas ainda são tão preconceituosas que não tem coragem de pôr a cara, de trazer [pessoas negras]. As pessoas só se identificam quando você mostra que é possível, então acho que ainda falta muito, mas a gente tá chegando lá – Márcia Pantera

Imagem: Divulgação

O Bate-Cabelo é uma expressão cultural e movimento de origem periférica de resistência e orgulho LGBTQIAP+ que teve em Márcia a grande expoente. Pedimos para Márcia contar  um pouco de sua trajetória com o próprio cabelo:

Marcia Pantera: “A minha história com meu cabelo são as melhores! Eu já tive um cabelo mais comprido, durante um tempo eu usei muita trança. Depois que eu tirei minha trança, eu não gostava do meu cabelo cacheado. Como tudo que eu enxergava era liso, eu fui lá e alisei meu cabelo e,quanto mais eu fui alisando, mais eu fui estourando o meu cabelo.

Um episódio claro pra mim de quando eu tinha 17, 18 anos, foi que era tão maravilhoso ter o cabelo liso, porque tudo que eu enxergava era liso, eu passei mais pasta no meu cabelo, uma pasta pra deixar mais liso. Aí quando fui pra debaixo do chuveiro pra lavar, meu cabelo caiu todo. Então tudo que eu via, que me mostravam que era bonito era só aquilo [o cabelo liso], eu não enxergava o meu cabelo black, belíssimo, maravilhoso, porque a gente não via ninguém com esse cabelo black. A mídia raramente mostrava.

Cabelo e autoestima sempre estiveram ligados. O que é estar com autoestima em dia para vocês?

Marcia Pantera: É eu poder estar bem comigo! Sou eu, não é mais sobre as pessoas em volta. Sou eu, a minha autoestima, o que eu vejo, o que eu leio, o que eu sonho. Tudo! É sobre mim. Eu tenho uma autoestima hoje muito melhor, eu não tô preocupada mais com a opinião do meu próximo, porque ela não vai mudar a minha vida. É muito mais sobre eu me colocar do jeito que eu quero e me olhar no espelho e falar assim “É isso!”. A gente tem que estar bem com a gente mesmo porque não tem mais nada em volta. Até acontece do seu amigo falar assim “Nossa como você tá maravilhosa!”, mas se ele virar e falar assim “Nossa, mas seu cabelo….”. As pessoas não entendem mais o que é diminuir o outro, mas é sobre eu olhar pra você e sentir no seu sorriso como você tá bem. Mesmo se você estiver séria, e eu escuto muito isso, eu tenho uma áurea e uma luz tão gigante que quando eu chego nos lugares, eu sei que eu contamino com isso! É uma delícia você contaminar os lugares com alegria, e não porque eu sou palhaça, mas que eu trago essa energia – mas eu também sou palhaça [risos].