Jornalista e mestre em Assuntos Internacionais, Mariana Aldano já foi correspondente internacional em países como Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e Tailândia. Também precisou enfrentar comentários racistas sobre seu cabelo enquanto fazia uma reportagem sobre vacinação e respondeu com incisividade e elegância. “Eu estou acostumada a ouvir pessoas brancas reclamarem do meu cabelo crespo e acharem ele inadequado desde que nasci. Sem falar que estou na rua desde às 5 da manhã pra dar informação sobre vacina e prestar serviço à população”.
Mas nem só de pautas internacionais e enfrentamento ao racismo diário é feita a carreira de Aldano. No último dia 10 de junho, foi ao ar o ‘Mistura Paulista’, programa que a jornalista apresenta ao lado de Filipe Gonçalves mostrando curiosidades e contando a história de cidades do Estado de São Paulo. “Para mim, foi como uma volta pra casa. Visito a minha cidade, que é São Bernardo do Campo. É muito legal trazer para o programa alguns lugares que conheço desde criança, com o coração mesmo porque por mais que você saia da cidade onde nasceu, ela será sempre a sua casa. Tem a sensação de lar, dá uma paz”.
Nesta terceira temporada, Mariana e Filipe passaram pelas cidades do Grande ABC Paulista, Guarulhos, o bairro do Tatuapé na capital, e outros pontos emblemáticos da região metropolitana de São Paulo.
A Trace Brasil bateu um papo com Mariana Aldano para falar como é a experiência de trazer a parte boa e leve das cidades paulistas para o público.
Mari, eu moro em Guarulhos e sei dos problemas graves que a cidade tem. Também já morei em São Bernardo. Você traz essa coisa mais leve, de apontar as coisas boas da cidade. Qual sua relação com o Estado de SP e suas cidades?
Eu nasci em São Bernardo do Campo, meu avô era tropeiro, transportava carga em mula na cidade. Meu pai conseguiu fazer um ensino médio técnico e trabalhou como metalúrgico. Foi graças às oportunidades que ele teve na cidade que ele conseguiu possibilitar que eu e meu irmão estudássemos e fôssemos a primeira geração da família a ter ensino superior. São Bernardo foi onde meus pais se conheceram, onde eu nasci, estudei, me formei. E depois, após uma temporada de dez anos fora do Brasil trabalhando como correspondente, eu me mudei para São Paulo, capital. O estado de São Paulo é parte de quem eu sou! E por mais que hoje eu não more mais em São Bernardo, lá é onde tenho aquela sensação de lar, mesmo. De conhecer cada cantinho, todos os bairros, andar sem GPS. É sempre uma alegria voltar!
Ao passear por cidades e bairros nem sempre valorizados por turistas, há a chance de abrir os olhos da própria população para as coisas boas do lugar?
Essa é uma das missões do ‘Mistura Paulista’. A gente tenta encontrar e apresentar esses lugares que às vezes estão fora de roteiros turísticos clássicos, mas que são curiosos, interessantes e até surpreendentes. A gente quer ir além do buscador da internet. O nosso Google é a caminhada pela rua conversando com pessoas em busca de boas histórias e lugares. A ideia é que a pessoa que está no sofá assistindo fique morrendo e vontade de sair dali para visitar algum lugar que mostramos ou para descobrir o seu próprio entorno.
O paulista, o paulistano, é muito defensor, até bairrista. Ele não admite que outros falem mal daqui. Você também é um pouco assim com São Paulo?
Mas com toda certeza, risos. Acho que é algo comum entre várias cidades e estados. Vê se o carioca curte algum paulistano falando mal do Rio de Janeiro? Sou da opinião de que só quem vive as mazelas é que tem propriedade para falar mal!!! Brincadeiras à parte, é claro que a gente reconhece o tanto de problemas que uma cidade como São Paulo tem, mas a gente precisa tentar enxergar além deles. O ‘Mistura Paulista’ tem o privilégio de poder direcionar o olhar ao que existe de bom. Quase como em uma licença poética, por alguns minutos, a gente tem a chance de fazer um jornalismo alegre, às vezes reflexivo, mas sempre leve.
Como funciona a dinâmica entre você e o Filipe? Como é decidido quem visita qual lugar?
Durante a seleção dos bairros e cidades, cada um pode manifestar se tem algum lugar especial que queira fazer. Como sou de São Bernardo, eu quis fazer a minha cidade. Filipe gosta muito de música, ele fez uma história muito legal envolvendo música em Santo André. Eu curto Artes Marciais, então, eu que fui fazer a história em um tatame em São Caetano. A nossa chefe, Cris Ladeira, conhecendo bem a nossa personalidade, também tenta direcionar as pautas de acordo com o perfil de cada um. Então, é um misto de interesse pessoal, escolha da chefia e aleatoriedade.
Você pode assistir a terceira temporada do ‘Mistura Paulista’ na Globoplay!
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