Tecladista e cavaquinista da banda de Mart’nália, Luiz Otávio vinha se mostrando à vontade nos vocais que fazia de improviso nos shows. “Ele tem uma voz bonitona, fazia uns djubidjubi que não é qualquer músico que faz”, descreve a cantora, com sua irreverência característica. Atenta, ela o chamou para cantarem juntos uma música do roteiro e, não demorou, começou a provocá-lo com a ideia de um disco solo dele, soltando a garganta. Assim nasceu “Essa maré” (Biscoito Fino), que chega agora às plataformas de streaming, com produção da madrinha Mart’nália.
Em “Essa maré”, o pianista e cantor Luiz Otávio mostra canções próprias e releituras de Djavan, Arlindo Cruz e Don Beto, costurando referências que vão de Campo Grande a Copacabana. Mart’nália produz o álbum e participa num dueto com o artista.
Apesar de “Essa maré” ter sido concebido nos últimos meses, a partir da sugestão de Mart’nália, sua história começa bem antes. Na verdade, ela tem origens ainda na infância do músico, no subúrbio carioca de Campo Grande, na década de 1990. O músico de 33 anos lembra: “Ganhei um tecladinho de brinquedo dos meus pais e, com 4, 5 anos já estava tirando músicas que ouvia no rádio”. Sua família ouvia muito samba e pagode, uma das influências centrais nesse primeiro momento. “Minha lembrança mais antiga sou eu tocando ‘Essa tal liberdade’, do Só Pra Contrariar”, conta.
Outros sons o interessavam. Deficiente visual desde o nascimento, mantinha os ouvidos atentos a tudo: o Raul Seixas que seu tio adorava e que ele passou a adorar também; o jazz do Sexteto Onze e Meia, banda que ele ouvia na TV entre as entrevistas do programa de Jô Soares; a MPB nas trilhas de novelas, em especial a bossa nova que acompanha as tramas de Manoel Carlos. Essas e outras referências entram no caldeirão que une qualidade musical e apelo popular e que Luiz Otávio revela agora em “Essa maré”.
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