Brutal e contemplativo, “O Protetor – Capítulo Final” encerra muito bem a trilogia estrelada por Denzel Washington

por | outubro 4, 2023

Robert McCall, protagonista da franquia ‘O Protetor’, figura ao lado de John Wick como o principal expoente da era de filmes de ação com personagens irresistivelmente carismáticos e vacilantes. No caso de McCall, os pontos extras ficam a cargo do carisma e talento implacáveis de Denzel Washington.

Neste terceiro e, talvez, último capítulo da franquia, o ex-agente Robert McCall acredita ter encontrado paz em um povoado no sul da Itália, mas a tranquilidade pouco dura e ele descobre que seus novos amigos estão sob o controle dos chefes sanguinários da máfia local.

Antoine Fuqua volta a dirigir Denzel em uma das parcerias mais sólidas do cinema de ação. O diretor imprime em seu protagonista o peso dos anos. McCall está cansado e reflexivo, tentando se desvencilhar das dores e condutas do passado. E, se é para tirar drama de um herói de ação sem cair na canastrice, não há ator melhor. Denzel, mais uma vez, está ótimo. Ele passa ao espectador a noção do cansaço que pesa nas costas daquele homem que tenta ser um justiceiro, mas não tem certeza se suas ações provocam mais bem ou mal a quem o cerca.

É justamente na parte contemplativa do filme que reside a diferença em relação aos outros dois filmes da franquia, lançados em 2014 e 2018 respectivamente. As cenas de ação de “O Protetor – Capítulo Final” são mais escassas comparadas aos seus antecessores. Grande parte da exibição é dedicada à construção da relação de McCall com os habitantes do vilarejo, assim como seus momentos de contemplação sobre o passado e o que fazer sobre o futuro. Para quem curte filmes de ação com sequências incessantes e frenéticas, o ritmo pode incomodar, mas funciona muito bem como forma de nos fazer torcer e apegar-nos ao protagonista.

Ainda assim, as cenas de ação são a melhor parte do filme. Fuqua escalou o nível de brutalidade e as ótimas coreografias sempre terminam em corpos massacrados, com mais exposição, embora não de forma gratuita, do que nos dois pares anteriores da franquia. Um Denzel imponente ajuda a convencer que um senhor de quase 70 anos consegue intimidar um grupo de jovens criminosos apenas com o olhar e boas frases de efeito. A sequência pós encontro no restaurante é incrível!!

Dakota Fanning volta a atuar ao lado de Denzel Washington após 20 anos. Eles contracenaram juntos no bom “Chamas da Vingança”. Aqui, ela é a agente da CIA Emma Collins, que recebe dicas de Robert e acaba por ajudá-lo a tentar desmantelar a rede mafiosa. A personagem serve como um elo entre o protagonista e as reverberações da ação dos criminosos fora do pequeno povoado. É uma forma de não restringir as ações do ex-agente apenas ao espectro micro. A confiança de Robert McCall em Emma só fará sentido se o público assistir aos outros dois filmes da franquia. Há aqui um forte senso de continuidade, o que pode ser tanto uma qualidade quanto um empecilho ao entendimento para o público casual da franquia.

Os elementos negativos do filme residem nos vilões e na falta de um confronto final enervante como foi nos dois primeiros filmes. A ameaça, no fim, não representa um perigo de fato, terminando num anticlímax se comparado à expectativa criada ao longo da projeção. Um vilão com habilidades semelhantes às de McCall elevaria consideravelmente os atributos do filme.

“O Protetor – Capítulo Final” é mais um bom filme de ação da parceria entre Denzel Washington e Antoine Fuqua, mas poderia ser melhor com um antagonista mais poderoso.

O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 5 de outubro.

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