Indicado ao Prêmio Shell, “Eu sou um Hamlet”, de Rodrigo França volta ao teatro

por | setembro 24, 2024

Pouco tempo após receber a indicação ao Prêmio Shell na categoria Música, assinada na peça por Dani Nega, o monólogo “Eu sou um Hamlet” voltou à cena dia 13 de setembro, às 20h, no Teatro Ipanema Rubens Corrêa, sob direção de Fernando Philbert A peça marca o retorno de Rodrigo França ao teatro como ator cinco anos após ter interpretado Martin Luther King Jr. nos palcos, estando agora na pele do clássico personagem conflituoso de William Shakespeare. Se valendo da tradução realizada por Aderbal Freire-FilhoWagner Moura e Barbara Harrington para o texto do bardo, a adaptação foi escrita por Jonathan Raymundo, Philbert e França – os dois últimos retomando a parceria iniciada no espetáculo “Contos Negreiros”.

Utilizando as falas de Hamlet, a montagem coloca um espelho diante do mundo e reflete este tempo violento e pleno de segregações. Assim, nos evoca questionamentos acerca da sociedade de hoje, das relações humanas e da sua própria condição de humanidade enquanto homem negro no Brasil em sua jornada de autoconhecimento. Uma das primeiras dramaturgias do ocidente que busca refletir a humanidade, a peça amplia os seus dilemas a partir de um ator negro em sua encenação. A proposta é trazer essa consciência da realidade ao personagem. Ser ou não ser? Estar consciente ou não?

Lançando luz ao mito da democracia racial no Brasil – ou no reino da Dinamarca – esse Hamlet negro está diante no dilema de encontrar um discurso capaz de fazer repensar o hoje. Dilema este que levou o próprio Rodrigo França a se questionar se deveria ser ou não ser o emblemático personagem nesta montagem. Reforça perceber como essa tragédia colonial gerou uma espécie de homem negro esvaziado de si mesmo e tendo que piratear uma humanidade falsa, capenga, sempre sob suspeita, sempre no limite.

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