“The Flash” abraça o lado mais divertido do personagem e salva final do Universo DC

por | junho 10, 2023

O Universo Cinematográfico da DC Comics chega ao final (?) no primeiro filme solo do corredor escarlate. “The Flash”, dirigido por Andy Muschietti, tinha a função de vingar todo o histórico irregular e caótico construído pela Warner no cinema para contar a história dos personagens da Editora das Lendas no cinemão.

Barry Allen (Ezra Miller) decide usar seus poderes advindos da Força de Aceleração para voltar no tempo e conseguir salvar sua mãe de um brutal assassinato e tirar o pai da cadeia, acusado pelo crime. Os diversos mundos colidem e ele fica preso em uma realidade na qual o General Zod (Michael Shannon) voltou e outra versão sua existe também. 

O público tinha muitos motivos para encarar “The Flash” com desconfiança. Do histórico problemático dos filmes deste universo, passando pelo bom “Homem de Aço”, o controverso “Batman V Superman”, o bem ruim “Esquadrão Suicida”, o ótimo “Mulher Maravilha” e a farofa bem feita “Aquaman”. Felizmente, a DC acerta a mão ao abraçar a galhofa e não se levar a sério, trazendo a melhor representação dos poderes do velocista, sem deixar de explorar de forma competente os dramas envolvidos na trama.

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O comportamento criminoso de Ezra Miller fora das telas não foi suficiente para cancelarem o filme, o que já era um demonstrativo de confiança da Warner no filme e, de fato, foi um acerto manter a estreia. Logo de cara temos Miller acertando no timing de humor, provando que o uso das manias do personagem só são irritantes quando não são bem dirigidas. Sem precisar contar uma história de origem detalhadamente, Muschietti aproveita para revelar ao público o lado intelectual de Barry Allen como investigador e sua relação com o pai preso e o passado que o atormenta.

Ezra Miller é um bom ator e abraça o personagem com o coração. Ele acerta no drama e acerta no humor. A passagem onde o roteiro dá uma cutucada nos trejeitos afetados usados por Zack Snyder e Joss Whedon nos filmes da Liga é hilária.

Imagino que após o Mercúrio da franquia dos X-Men ter aparecido naquela cena antológica ao som de “Sweet Dreams”, ficou difícil para qualquer realizador imaginar como retratar os poderes de um herói velocista sem parecer uma cópia, mas acertam o tom aqui e até mesmo o jeito estranho de correr do personagem é justificado e com uma das piadas visuais mais engraçadas do filme.

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Justamente esse passado marcado por tragédia é usado como justificativa para a amizade próxima que o vermelhão mantém com o Bruce Wayne de Ben Affleck. Ambos perderam membros da família por assassinato e são definidos por suas cicatrizes. A interação entre eles é um sabor, e a primeira sequência de ação era tudo que queríamos ter visto em “Liga da Justiça” (2017). Quase dá vontade de saber como seria um filme bom com esta versão do Batfleck.

As participações especiais são sensacionais. Não era difícil construir interações divertidas entre os uniformizados. Este longa prova que bastava um pouco de desapego com o suposto lado sombrio destes heróis.

Uma das grandes proezas de “The Flash” é conseguir referenciar anos de história de personagens lendários de forma que vai agradar o fã mais antigo sem deixar os novos perdidos (OK, tem uma sequência envolvendo alguns Superman´s que provavelmente só os entusiastas de quadrinhos vão sacar), mas se tratando da participação do Batman de Michael Keaton, retratado a primeira vez nos filmes do Tim Burton dos anos 90, são sequências que guardam o mais puro suco da diversão. Keaton está claramente se divertindo.

Sasha Calle como Supergirl tem pouco a oferecer, mas suas cenas de luta são satisfatórias. O roteiro é muito sucinto em explicar como funcionam as alterações no tempo provocadas pelas interferências do Flash e o que aconteceu com Clark Kent. Acaba sendo muito bacana rever outro Kryptoniano enfrentando o General Zod com a ajuda de outro super herói.

The Flash encara a crise de frente e com bom humor

Na cabine de imprensa foi informado que a versão do filme era a finalizada, e aí reside um dos grandes problemas de “The Flash”. Se a versão exibida para os jornalistas já era a finalizada, talvez tenhamos aqui um dos exemplos mais pavorosos do uso de computação gráfica. Isso desde o começo, com bebês borrachudos caindo dos prédios até o mau acabamento do rosto digitalizado de Shannon como Zod.

Quando Barry está viajando no tempo e consegue ver as múltiplas possibilidades de passado e futuro, cenas já passadas no filme são exibidas como se fosse uma cutscene de Playstation 3. Não dá para entender porque não usaram as imagens dos atores reais. A artificialidade também aparece em algumas cenas em que as duas versões do Flash interagem no mesmo cenário. Isso já foi feito antes em filmes mais antigos e  com mais primor. Espero que a versão que chegue ao público esteja mais bem acabada porque pode ser motivo para muito ranzinza esquecer as qualidades do filme.

“The Flash” é uma das experiências mais divertidas da DC no cinema e, infelizmente, chega tarde demais para salvar o universo proposto em 2013 por “O Homem de Aço”. Nem o CGI pavoroso acaba com a boa experiência dessa galhofa deliciosa.

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