A pesquisa Perfil das Mulheres Empreendedoras do Nordeste, lançada em abril pela Be. Labs, aceleradora de negócios e mentoria de empreendimentos femininos do Nordeste, trouxe à tona dados que mostram as principais dificuldades enfrentadas pelas empreendedoras nordestinas.

Ao aumentar a lente para as incertezas vivenciadas pelas mães empreendedoras do Nordeste, o levantamento revela uma realidade ainda mais complexa — o trabalho invisível que é o cuidado com os filhos e o quanto isso afeta os negócios liderados pelas mulheres.

Das 600 mulheres ouvidas pela pesquisa, 71,7% delas têm filhos e, para 26,1% do total de entrevistadas, é bastante difícil conciliar a vida profissional, isto é, o trabalho, com as demais responsabilidades atribuídas às mulheres em geral, o trabalho doméstico e o cuidado com os filhos.
A fundadora da Be. Labs, Marcela Fujiy, afirma que as mulheres se veem todos os dias em uma verdadeira “sinuca de bico”, ao serem muitas vezes forçadas a escolher entre seguir seus sonhos e objetivos profissionais de independência financeira e se fazer presente na vida familiar. “A maior dor do empreendedorismo feminino é ser mulher. Muitas de nós acabam sendo engolidas pelo mar de responsabilidades e tarefas relacionadas principalmente à vida doméstica e familiar, e não recebem o apoio necessário para seguir com suas realizações pessoais e profissionais. Muitas delas encaram seus negócios como um filho que exige cuidados e que as leva à exaustão. O que queremos propor com este levantamento é o resgate dessas mulheres por meio da valorização de seus talentos, do perfil empreendedor e, principalmente, da sua importância na economia”, afirma Marcela.
Principais dados sobre as mães empreendedoras nordestinas

A pesquisa de Be. Labs aponta que entre as empreendedoras com filhos, 69,85% se autodeclaram negras (pardas e pretas), 25,52% brancas e 4,64% amarelas.

Entre as mães empreendedoras também há um alto percentual de mulheres que afirmam serem chefes de família, 77,66%. São mães responsáveis integralmente ou parcialmente pelo sustento de seus filhos e familiares.
Na análise do cenário formado por receios e principais dificuldades das empreendedoras nordestinas, as mães empreendedoras aparecem como as que têm mais medo de fracassar em seus negócios: 35,43% contra 17,33% das empreendedoras sem filhos.

Foto: Uberimage

Recorte Racial

O estudo demonstra que há diferenças de percepção e de vivências também entre as mães empreendedoras negras e brancas.

Quando se estabelece uma relação entre raça/etnia e renda, das mães empreendedoras que recebem menos de um salário mínimo, as mulheres negras são as mais afetadas com o baixo orçamento, pois 78,38% se enquadram neste recorte, enquanto que entre as mães empreendedoras brancas o percentual é muito menor, caindo para 16,22%.

Você pode conferir o relatório completo AQUI.