O educador e sociólogo do Níger, Issaka Maïnassara Bano, promove um Ciclo de Formação sobre literaturas africanas para educadores da região Sul de São Paulo a partir de 4 de abril. Realizado em diversas escolas públicas do Capão Redondo, bairro da periferia paulista, o programa realizará leitura e debate com os convidados sobre os temas abordados nos seis encontros.
Issaka terá a chance de conversar com os professores de forma didática, teórica e metodológica, temáticas como Potencialidades das Literaturas Africanas para a Educação Brasileira, primeiro assunto abordado no primeiro encontro, a ser realizado no dia 4, nas escolas estaduais Marilsa Garbossa (14h) e João Silva (16h45), em São Paulo.
Além do tema já citado, nas datas seguintes, o educador convida os professores presentes a discutir temas como tradição, oralidade e ancestralidade nas literaturas africanas, estratégias e referências literárias para o ensino da África em sala de aula.
Com a série de encontros, Issaka adiciona ao repertório escolar brasileiro a semente do que pode vir a sanar as deficiências de nossa educação sobre a história do continente africano e assuntos que atingem a diáspora, apresentando a comunidade romances nascidos de mãos perspicazes como das escritoras Paulina Chiziane, Scholastique Mukasonga, Léonora Miano, entre outros autores. Além das leituras, debates e oficinas, as obras terão exemplares distribuídos nas bibliotecas das escolas que abrigarão o Ciclo de Formação. São livros que abordam temas que passam pela discussão sobre o pós-colonialismo, religiões de matriz africana, imigração e ancestralidade, ficando ao alcance de alunos e professores a porta para o saber da produção do continente que formou nosso povo.
Issaka é Bacharel em Sociologia, Mestre em Educação e doutorando em Sociologia,os dois últimos feitos pela Unicamp, uma das universidades de maior prestígio da América Latina. Após anos se debruçando em literatura eurocêntrica, o educador sentiu que precisava integrar sua ancestralidade ao seu conhecimento intelectual. “Sempre fui uma pessoa curiosa, viciado em leitura. Lia psicologia, literatura russa, francesa, grega, mas literatura africana em si, apenas como leitura obrigatória na escola. A partir do segundo ano da graduação meu interesse pela literatura africana se intensifica. Eu estava lendo Édipo em Colono de Sófocles e me deu um estalo; ‘Eu leio muita literatura do resto do mundo, mas do meu continente eu quase não leio. Então de uma vez só eu comprei 52 romances de escritores (as) africanos (as)”, conta o sociólogo.
O projeto foi financiado pelo edital Edital ProAC Nº 25/2022 – Leitura / Produção e Realização de Projeto de Incentivo à Leitura.
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