Preconceito na escola ou faculdade já atingiu 84% dos adolescentes e jovens negros brasileiros, aponta estudo

por | dezembro 1, 2023

Oito em cada dez jovens negros, no Brasil, sentiram ou presenciaram situações de preconceito na escola ou na faculdade. Essa é uma das constatações da segunda edição da Pesquisa Diversidade Jovem do Espro (Ensino Social Profissionalizante), voltada a mapear as percepções de adolescentes e jovens brasileiros sobre os desafios relacionados a temas como raça/etnia, orientação sexual, identidade de gênero e a vivência de suas diversidades no mercado de trabalho, nos ambientes de ensino e em espaços públicos. Do total de participantes, 54% declararam-se negros.

O transporte público, consultórios médicos, restaurantes, lojas ou eventos já foram palco de episódios de preconceito para 77% dos dos jovens negros ouvidos pelo levantamento. O ambiente familiar também já foi local em que seis a cada dez adolescentes e jovens já sentiram ou presenciaram situações de preconceito. O trabalho foi o único espaço em que mais da metade dos adolescentes e jovens negros ouvidos pelo estudo (59%), afirmaram nunca sentir ou presenciar preconceito.

Imagem: Freepik

“A nova edição da pesquisa mostra que o trabalho é o local onde a maioria dos adolescentes e jovens negros (68%) nunca se sentiu coagido a esconder ou omitir sua diversidade, seja ela religiosa, étnica, relacionada à sexualidade ou condição social. Mesmo sendo ainda um grande desafio o acolhimento da diversidade em locais públicos, os ambientes corporativos caminharam mais rapidamente nessa direção, tornando-se espaços seguros para debate e convivência.”, observa Alessandro Saade, superintendente executivo do Espro.

Apesar das percepções positivas relacionadas ao ambiente de trabalho, 37% dos jovens negros tem o sentimento de já terem sido desclassificados de uma vaga de emprego por conta de atributos fenotípicos ou étnicos. O mesmo índice de jovens negros também relata ter passado pela exclusão de grupos sociais no trabalho e 36% dizem não ter recebido mérito por uma ideia que tiveram.

A “Pesquisa Diversidade Jovem 2023″ ouviu 2.738 adolescentes e jovens, com idades entre 14 e 23 anos, que são ou já foram aprendizes, estagiários e alunos do curso de Formação para o Mundo do Trabalho (FMT) do Espro. Desse total, 1.474 se identificaram como negros (66% pardos e 34% pretos). A coleta das respostas aconteceu entre os dias 1º de agosto e 07 de setembro de 2023. O índice de confiabilidade é de 99% e a margem de erro é de 2,3%.

 

Conversar sobre Diversidade
Mesmo a escola ou a faculdade sendo ambientes em que a percepção do preconceito é maior, 61% dos adolescentes e jovens negros conversam com frequência sobre diversidade nesses espaços. Para 79% dos entrevistados negros, o ambiente familiar é utilizado para conversas sobre diversidade. Momento de lazer e passeios são usados para conversar sobre o assunto por 76%. No trabalho, 61% afirmam conversar sobre o tema e 44% se sentem seguros em fazê-lo em espaços religiosos.

 

Negras LGBTQIAPN+ sofrem mais
Adolescentes e jovens negras pertencentes à comunidade LGBTQIAPN+ são as que mais sofrem para viver sua diversidade. A pesquisa aponta que 80% delas esconderam ou omitiram alguma característica da sua diversidade em ambientes familiares e 70% passaram por isso na escola ou faculdade. No trabalho, em locais públicos e lojas e em espaços religiosos a quantidade de jovens que deixou de viver sua diversidade por receio é de respectivamente 55%, 65% e 69%.

 

Imagem: Freepik

Os resultados são consideravelmente mais elevados em comparação com adolescentes e jovens negras heterossexuais. Em ambientes familiares, a percentagem é de 23%. Na escola ou faculdade, 31%. Deixar de viver a diversidade no trabalho aconteceu com 18%, enquanto 24% afirmaram que já esconderam alguma característica da sua diversidade em locais públicos e lojas e em espaços religiosos, respectivamente.

 

Adolescentes e jovens negras LGBTQIAPN+ também têm uma percepção maior do preconceito no seu dia a dia. Quase todas (94%) já sentiram ou presenciaram situações de preconceito relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero em locais de ensino; 90% passaram por isso no ambiente familiar; metade delas, 49%, no trabalho; 88% em serviços, locais públicos e ambientes coletivos, como lojas, restaurantes e eventos; e 83% em espaços religiosos.

 

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