‘Boca do mundo’, da Cia Líquida, estreia no Teatro João, no Rio de Janeiro

por | dezembro 14, 2022

Montagem inédita, o espetáculo “Boca do Mundo” chega aos palcos no dia 20 de dezembro, às 19h, no Teatro João Caetano, no Centro do Rio de Janeiro. O espetáculo acessa através da dança a energia do orixá Exu, baseando-se ainda no conceito “poética da encruzilhada”, criado por Mery Horta, mulher negra e periférica diretora do espetáculo e coreógrafa da Cia Líquida. No dia 29 de dezembro às 20h o espetáculo realiza mais uma apresentação, desta vez no Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes. As apresentações são realizadas através de recursos do Prêmio Funarj de Dança 2022 e apresentado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro.

Dando seguimento à temática dos orixás iniciada com “Líquida” (2022) pela companhia homônima, em “Boca do Mundo” os cinco intérpretes instauram um jogo entre a ordem e o caos, carnavalizando a cena através do riso e do escárnio na energia de Exu, orixá que é senhor(a) do corpo, da comunicação, do fogo da vida, do movimento. Mery Horta, que tomou como principal referência o livro “Pedagogia da Encruzilhada”, de Luiz Rufino, leva para cena um espetáculo que ativa sensorialidades no público através da dança de cinco intérpretes (três homens e duas mulheres), que instauram uma ambiência com o uso de pembas (tipo de giz utilizado em religiões de matriz afro-brasileira), que são riscadas traçando caminhos no chão e nos corpos dos cinco intérpretes, criando um grande portal de comunicação.

“Nossa proposta é trazer um acesso à figura de Exu de modo expandido e filosófico através do movimento da dança. Foram inúmeras referências dentro do tema, desde filmes, livros, músicas, desfiles de escola de samba e muitas conversas com a equipe criativa para trazer também a perspectiva sobre Exu de cada pessoa, criando essa grande encruzilhada. ‘Boca do Mundo’ conta com uma equipe que pensou cada detalhe de modo original, com trilha sonora de Rodrigo Maré, figurinos de Raquel Gomes, iluminação de Jhenifer Fagundes, poesias de Ramon Castellano e os intérpretes-criadores George Louzada, Largarthixaa, Lorrany Araújo, Mery Horta e Sanguessuga, além de uma equipe de mais de 28 profissionais para fazerem esse espetáculo ganhar vida”, pontua Mery.

Se “Líquida”, a montagem de estreia da companhia, era inspirado em Iemanjá e teve sua construção baseada na metáfora da água, “Boca do Mundo” parte da metáfora do fogo. “Os cinco intérpretes-criadores dançam com o fogo vital, com um desejo de vida, e essas são algumas das coisas que transbordam e chegam ao público”, adianta a diretora da companhia.

Sendo a carnavalização um dos modos de se acessar Exu, isso se apresenta pelos vestíveis e objetos utilizados em cena, e ainda pelo riso, pelo grotesco, pela brincadeira, e a forma de lidar com o caos. “Trazemos uma poética contemporânea sobre Exu na dança para articular elementos ancestrais afro-brasileiros ao presente e futuro. Exu é potência de encruzilhada e de encontros, é vida. Ele/ela mora na gargalhada, na dança, é movimento e possibilidade de mudança. Falar sobre Exu, hoje, é falar sobre as transformações que a sociedade brasileira precisa passar, é falar sobre o chacoalhar das suas estruturas racistas e patriarcais, é pensar outros modos de viver e existir coletivamente. Exu, para além de orixá, é o diálogo entre os diferentes, é a energia e a fome de viver”, finaliza Mery.

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